ontem comprei o meu primeiro cd em 2002. muito estranho para mim, comprar o primeiro álbum quando já passaram 54 dias do início do ano. a escolha recaiu sobre a "primavera de destroços" dos mão morta, álbum que já tinha, só que esta edição conta com o bónus do cd ao vivo e da sublime [nova] versão de estúdio do "chabala". já tinha visto este concerto, como vi outros da mesma altura. nada me surpreende, só que não vejo melhor maneira de começar um domingo repleto de sol... em braga.
acima de tudo, mais do que colegas, somos amigos e só assim algo pode resultar daí. e está a resultar. e resultará se continuarmos todos a correr no mesmo sentido e mantendo uma estética que tem ser una.
Estava agora a rever as fotos do encontro da semana passada. Olhando para os meninos do cais (onde eu estou incluído) e para os amigos que os rodeiam.
Há nos quatro moços (as duas raparigas não estavam lá) uma cumplicidade genuína. Os olhares são fiéis, os gestos simples, pouco complicados. Todos olhamos uns para os outros com sorrisos. Todos parecemos umas criancinhas. Inocentes. Mas não tanto como isso.
Se os nossos sonhos falam?, não sei. Talvez as nossas vozes, os nossos acordes falem por si mesmo. Mesmo quando há silêncio – os olhos estão lá marcá-lo, é para isso que servem. É a cumplicidade. Gonçalo, Iuri, Rui e Anas. A cumplicidade que nos une. Talvez empatia. É isso que me faz sorrir quando estou com vocês. Isso rompe com a amizade, faz algo de maior. A amizade conta, claro. Mas somos amigos, colegas. Mas sobretudo amigos. Mas para além de amigos há a cumplicidade, a empatia. Que nos une ainda mais e nos torna mais... bonitos, honestos.
É isto, por agora
- e se tu não fosses assim?
- "eu sou assim! o princípio do fim!"
- adonde é que estavamos (no início)?
- nas flores incendiadas do céu...
- a fuga é o único caminho! quando damos o primeiro passo?
- quando formos sábios - terrível !
- e a última palavra anónima?
- "eu tenho uma arma: chama-se AMOR"
- sim, chama-se amor, a última palavra, a última arma ... é esse o ponto final que se prolonga nas memórias infindáveis de maria, só. ante, durante, pós. é aí que entro, escorrego e . . .
- para onde olhas?
- ar !
- como é que ocupas o teu tempo livre?
- crime !
- quem queres matar? (uma flor)
- frestas !
- o que vês para além das frinchas?
- azul sabor despenhado
- e se nos penteassemos?
- a vaidade e a razão são o horror pleno .
- e as sombras?
- alguém as convidou, são as paredes dos nervos, anuladas
- sem pontos finais, antónia
há uma cidade que dorme, enquanto fumo e tu me despes
as palavras preguiçosas
os papeis espalhados
pelo chão empoeirado
corpos que se cruzam
sobre a seda azul
os dedos entrelaçados
com outros dedos
lábios que se tocam
molhados
um coelho
que sai da cartola
na rua
um cego pede esmola
no quarto
os corpos suam,
sugam-se,
gemem
a carne estala
há uma cidade que dorme
enquanto fumo
e tu me despes
há um rosto que se esconde
enquanto vens
e vais
as verdades indiziveis
vestígios de mil polaroids
perdidas pelos cantos
o teu corpo nú
coberto por uma minúscula toalha
as roupas misturadas
com outras roupas
sonhos que se fundem
em ponta e mola
uma cerca
de arame farpado
na rua
os putos jogam à bola
no quarto
lençois molhados,
um corpo suado,
e um adeus
sem passado
há uma cidade que dorme
enquanto fumo
e tu me despes
há um rosto que se esconde
enquanto vens
e vais
adoro receber telefonemas anónimos, de números privados, com ameaças de morte. adoro ainda mais as pessoas que os fazem. só é pena nunca deixarem de ser anónimos na vida.
escrevi meia letra para uma música brilhante do gonçalo. já ouço a ana. já ouço a ana. já ouço a ana. já ouço a ana. sim, já ouço ana a cantar "abriu-se um sonho".
hoje foi um dia estranho. passou demasiado rápido e, sem dar por isso, não fiz praticamente nada. li trinta e oito páginas para o exame de amanhã - ainda me faltam outras tantas - na última hora, mas parece-me estar sob controlo. ouvi sempre as mesmas coisas hoje. scout niblett e songs: ohia em paris, descobertos aqui e a certeza que quero ouvir o álbum da scout. é muito belo. pedações de chan marshall, misturados com pedacinhos de liz phair e pj harvey. ah, e giardini di mirò. grande, grande álbum. será companhia certa esta noite, embora também me apeteça ouvir superego. só mais uma vez.
esta semana passou muito rápido. enquanto esfreguei os olhos.