os filhos dos dias cinzentos. um quotidiano vazio. o mundo visto a partir de quartos fechados (virados para o mundo).
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:: quarta-feira, novembro 27, 2002 ::


há uma luz que se acende no quarto, quando um semáforo se apaga e escasseiam as palavras. o peito carregado de insónias vagas e de noites escuras e frias. os pesadelos incendeiam as cartas e os ombros crispados pela ausência dos poemas. olhos nos olhos quero sentir a tua falta e ver a sombra da tua silhueta dispersa pelas minhas paredes incolores. sentir-te em toda a parte, para quando partires abraçar o sol que te ilumina as costas e diminui a dor da tua ausência vil. amanhã será um dia melhor. os sorrisos apagarão as lágrimas, enquanto acendes a chama da tua caneta sobre o papel. não faltarão palavras, meu amor.





:: rui 05:40 [+] ::





há pedaços de ti em toda a parte. até no pó que preenche a janela de onde veremos as luzes que iluminam o nosso amor aquecido pelas canções que ouvimos juntos, enquanto nos abraçamos e nos desvendamos sobre a fogueira dos nossos gestos e palavras insones.

:: rui 01:37 [+] ::





varreram-se de mim as palavras. ensina-me todos os nomes que nos separam do leito dos amantes. os planos furados separados por pontos e vírgulas. o odor a laranja salgada traça uma diagonal sobre o inverno que nos espera. será a angústia rosa, como o ruído das folhas que se estendem pela calçada de equívocos e incertezas. há uma mancha de vinho sobre o papel onde te escondes. desenho-te na inconsciência dos dedos amarelecidos pelo fumo. imagino-te aqui, deitada sobre o cobertor de ternuras. a dormir sossegada, despida na pureza da partilha, vestida pela chuva que acompanha a morte do ano.


:: rui 01:25 [+] ::




:: terça-feira, novembro 26, 2002 ::
os passos trocados. uma alameda de infindáveis silhuetas desfiguradas. uma lua semi nua deambula sobre os toldos da praia dos nossos objectos. se respirasses, sentia os teus dedos algures na areia de ninguém. a cinza cobre a arca onde guardas os silêncios de uma infância adoentada. desenhos nos vidros do comboio na lenta espera de um momento murmurado. as pequenas coisas a rodopiarem sobre o espaço vazio. o frio desconecta-nos os sentidos. uma treva solitária amanhece junto a um banco de um jardim de lágrimas. a pedra rubra despedaça-se a cada minuto que passa. oferece-me o café. eu acolho o teu sorriso e os cabelos soltos sobre o meu peito antes de adormecer sobre a manta que te cobre nas florestas do teu sangue anoitecido.



:: rui 03:59 [+] ::




you are so free, chan?

saudades de te ouvir.




:: rui 03:47 [+] ::




:: domingo, novembro 24, 2002 ::

será só imaginação?

será que nada vai acontecer?

será que é tudo isso em vão?

será que vamos conseguir vencer?

(renato russo)


ontem à noite, antes de dormir, comecei a pensar em qual seria a banda que mais tinha mexido comigo até hoje. só consegui chegar a uma resposta: legião urbana. é tudo tão impressionante, tão avassalador, tão cortante. nunca ninguém - como eles - conseguiu afectar-me tanto. lembro-me bem de determinadas fases em que me agarrei a isto e de ver tudo a desmoronar a meu redor. desde que percebi legião urbana nunca vi as coisas da mesma maneira. foram horas e horas a olhar para o tecto do meu sótão, deitado no chão ou no velho sofá, quando ainda era forrado a um negro mais cavernoso que o fundo desta página. por isso, de certa maneira, evito-os ouvir. só que, às vezes, como está a acontecer agora, não os consigo evitar. nem quero. é tão bom passear pelo fundo de um poço. nem apetece respirar. só ouvi-los e procurar cicatrizes até onde elas não existem. por que isto é ácido-doce-corrosivo. por que isto é inatingivel. até quando se aproxima da fronteira do românticoquasebrega. por que isto por que isto por que aquilo. são pedaços de vidas. das nossas, das dos outros e das de renato russo, que nas suas vivencias, juntava essas e outras. renato russo foi o maior relâmpago que pisou o planeta terra no século passado. neste e nos próximos andaremos a recolher os escombros da sua curta passagem por aqui. ou será melhor dizer por ali? pois, porque os espaços que ele percorreu dificilmente serão de mais alguém.


são as pequenas coisas que valem mais
é tão bom estarmos juntos
e tão simples:
um dia perfeito.

(renato russo)




:: rui 20:20 [+] ::




quase um segundo

eu queria ver no escuro do mundo
onde está tudo que você quer
pra me transformar no que te agrada
no que me faça ver

quais são as cores
e as coisas pra te prender
eu tive um sonho ruim
e acordei chorando
por isso eu te liguei

será que você ainda pensa em mim
será que você ainda pensa
às vezes te odeio por quase um
segundo
depois te amo mais
teus pelos, teu gosto, teu rosto, tudo
que não me deixa em paz

quais são as cores
e as coisas pra te prender
eu tive um sonho ruim
e acordei chorando
por isso eu te liguei

será que você ainda pensa em mim
será que você ainda pensa


(herbert vianna)



:: rui 05:41 [+] ::




:: sexta-feira, novembro 22, 2002 ::
anagrama


os meus sonhos vão
onde os teus olhos me levam
os meus olhos são
aquilo que os teus quiserem

anagrama
não sabes viver
sem pintar
quando acabas um quadro
ficas aliviada
a sonhar ...

anagrama
moves as mãos
e agarras o medo
sobre o tempo encoberto
por flores tristes
a sangrar..

anagrama
o amor é assim
anagrama
o que fizeste por mim
anagrama
o amor é assim
anagrama
será que esperas por mim?

nenhum olhar
é como o teu
é tão difícil
dizer-te adeus

anagrama
acenas-me um sorriso
preenches o coração
o perfume sobre o livro
os corpos enrolados
de (tanto) amar...

anagrama
tu vives num grande jardim
repleto de cores
danças ao vento
das nossas mão dadas
a levitar...

anagrama
o amor é assim
anagrama
o que fizeste por mim
anagrama
o amor é assim
anagrama
será que esperas por mim?



::: nova canção de veludo :::
.. algures no km 366 dos nossos corações..


:: rui 17:58 [+] ::





porque os outros se mascaram mas tu não
porque os outros usam a virtude
para comprar o que não tem perdão
porque os outros têm medo mas tu não

porque os outros são os túmulos caiados
onde germina calada a podridão.
porque os outros se calam mas tu não.

porque os outros se compram e se vendem
e os seus gestos dão sempre dividendo.
porque os outros são hábeis mas tu não.

porque os outros vão à sombra dos abrigos
e tu vais de mãos dadas com os perigos.
porque os outros calculam mas tu não.




(Sophia de Mello Breyner)



:: rui 07:42 [+] ::




o quarto mudou de aspecto. está ainda mais fechado, na hora do corte radical com o passado. como nascer de novo.

:: rui 07:24 [+] ::