![]() os filhos dos dias cinzentos. um quotidiano vazio. o mundo visto a partir de quartos fechados (virados para o mundo). | |
:: quartos fechados virados para o mundo
| janela aberta
:: | |
:: sexta-feira, julho 11, 2003 :: ciliegia:: sexta-feira, julho 04, 2003 :: balanço:: quarta-feira, julho 02, 2003 :: CAT POWER :: I'M SO TIRED As expectativas em relação ao concerto da Chan Marshall, no Festival do Porto, eram elevadas. Não porque esperasse um grande concerto - não o esperava, já que tive oportunidade de ouvir vários bootlegs, onde a execução das canções ao vivo ficava bem aquém do que ouvia - e adorava - em disco. Mesmo assim, era a primeira oportunidade de a ver no nosso país e seria delicioso ver uma das minhas "heroínas" de perto. Falar sobre o que vi em Matosinhos é complicado. Simplesmente porque ainda me interrogo se estive mesmo lá e se aquilo não terá sido apenas um pesadelo. A sua entrada em palco foi premonitória do que se seguiria: uma tresloucada Chan implicava com as luzes de palco, pois não queria que as mesmas reflectissem sobre o seu rosto e olhos excessivamente maquilhados. Depois, quando se esperava que começasse o concerto, prosseguiu com as "palhaçadas", quer seja com os fotógrafos, a quem concedeu algumas poses absolutamente inenarráveis ou com um patético episódio com o cartaz que cobria o seu piano. Assim se "perderam" 20/25 minutos, com um público atónito e que enchia por completo o Blá Blá. Parecia, enfim, que o concerto iria começar. Ao piano, ainda começou por soltar duas canções, mas as suas interrupções eram permanentes e, de certa forma, serviam para cobrir uma execução técnica ao piano muito pobrezinha. Salve-se a voz, porque essa, apesar de tudo, é única e lindíssima. Mesmo assim, ainda se conseguiu ouvir "Names", o meu tema preferido do seu novo disco. Foi essa, no fundo, a única canção com principio, meio e fim, porque do resto.. nada. Alguns principios, poucos meios e nenhum fim. Conversa - muita, muito excessiva e entediante. Sem sentido. Frases esmigalhadas, que alternavam sexo, religião, filmes e nada.. Sem conexões e alguma interactividade com a parte do público, que encarou o que via de forma masturbatória, até porque Chan dizia-se encantada com Portugal e até gostou da t-shirt da Catarina que via o concerto na linha da frente. Com o outro público, o que ficava mais entediado e que ia ficando, minuto a minuto, desapontado e incrédulo, tristes episódios, com insultos vindo da "menina mimada" que, definitivamente, pos de lado o concerto e partiu para um espectáculo da mais decadente esquizofrenia com muito de "show of" perfeitamente triste e lamentável. Entre estes episódios: o intervalo. Nesse momento, em que Chan abandona o palco, parecia que o "concerto" teria terminado. E era bom que tivesse mesmo ficado por aí. Mas não. Não aguentei a segunda parte do espectáculo até ao fim. Resignei-me e abandonei a belíssima posição onde me encontrava. Já não aguentava mais e confesso que fiz um esforço enorme para aguentar o que pude. Ultrapassei os limites da minha própria resistência. Acabei por ver o fim, ao longe. Vi o momento em que lhe desligaram o som de palco, entre sorrisos e um ar de alívio enorme pelo fim de um dos mais tristes espectáculos que assisti até hoje. Chan, mesmo assim, permaneceu em palco, dançando com a guitarra no ar e fazendo gestos obscenos para a mesa de som. Não vi mais. Como me disse o Manel, no fim do espectáculo, aquelas quase 3 horas irão ficar para sempre nas nossas memórias. Na minha ficarão. Não vou partir os discos de Cat Power - porque os acho excessivamente bonitos. Mas não sei quando voltarei a pegar neles e se o voltarei a fazer. De momento, não consigo. Lamento quem pagou o bilhete (quase 15 euros) depois de viagens desde Lisboa (ou de outros pontos) e se sentiu defraudado. Mas também lamento aqueles que contestaram com base em que aquele seria o espectáculo da "banda" Cat Power. Por favor. Agora, em situação nenhuma, poder-se-ão encontrar justificações para o espectáculo deplorável que Chan Marshall proporcionou e com a sua enorme falta de educação e de bom senso. Perfeitamente lamentável.
|