foram dias lindos. o iuri e a andreia foram embora há pouco e o cais para por instantes. está na hora do regresso às casas-mãe e isso para mim é sempre doloroso. não gosto de fazer malas e não tenho paciência para morar em vila do conde, nem que seja por uns dias. só faço isso mesmo por causa dos meus avós - que adoro - com quem não tenho passado tempo quase nenhum, praticamente desde agosto. é díficil deixar a minha casa e ter que voltar para lá. rever o meu sótão vazio. deserto. porque agora está quase tudo aqui. e depois aquela cidade-deserta-fria que não suporto por mais de um dia. sempre as mesmas caras, sempre os mesmos gestos e olhares, sempre as mesmas coisas, sempre as mesmas merdas.
foram dias lindos. sobretudo pelo convívio e pela amizade. vimos kafka no deslize. foi um dos mais belos concertos que vi até hoje. estão cada vez melhores e estou ansioso pelo novo disco de originais a sair em 2003. a "her only nightgown" é uma das minhas canções preferidas. fiquei com pena de não ter levado mini disc para gravar o concerto. enfim, fica para a próxima. ah, comprei cinco livros no sábado: "a casa, a escuridão" e "uma casa na escuridão", do josé luis peixoto ; "viola-me eléctrica", do tiago gomes ; "lágrima", do hélder moura pereira e "livro de poemas", do e.e.cummings. já li pedaços de todos. gostei muito. "lágrima" - que já li todo - é muito lindo. intenso. só tinha lido dois ou três poemas dele, por ter trabalhado com a anabela duarte. foi o melhor livro que li este ano, juntamente com "um mover de mão", do vasco gato, para mim, uma enorme surpresa, pois não o conhecia de todo.
e os discos? não sei, não faço a minima ideia. por mais que tente fazer uma pequena lista, sinto-me algo perdido, porque ouvi muita música e quando a ouço não ligo a datas. o meu disco preferido é o nosso.. claro. mas lembro-me que este ano começou com songs:ohia, david fischoff e giardini di miró. foram as bandas do primeiro trimestre. depois, no segundo trimestre.. mercury rev e spiritualized. sobretudo porque os vi ao vivo, pois os discos já conhecia bem. ah, e a "vem rastejar", dos toranja, que me acompanhou infinitamente entre maio e julho. foi uma das minhas duas músicas do ano, mas esta, de longe, a mais ouvida. acho que nem os elementos da banda ouviram tantas vezes essa música como eu. o terceiro trimestre foi dos piano magic e de élena, surgindo aí o km.103, como a outra canção do meu ano. o último trimestre passou tão rápido, que quase nem dei por isso. foi tempo de descoberta de novas bandas e sobretudo de revisitas - primeiro anabela duarte e mler ife dada, depois jorge palma e, finalmente, linha geral e legião urbana. e descobri human drama. o melhor disco nacional - so goodnight, dos pop dell'arte, claro. a terceira canção de 2002 - wake up in new york, craig armstrong.
tenho que fazer as malas - e eu não tenho nenhuma.
(bom natal a todos.até 2003, se não voltar até lá.)
os olhos dilatados de paixão no poiso dos amantes antigos. as covas do teu rosto ameno escorrem pelo meu peito de criança inquieta. a maçaneta dilui os sons abandonados de sinos a redobrarem templos de sonhos arquitectados em sombras sonoras irreconhecíveis. o teu corpo encrespado sobre a minha planície constipada como semáforos resplandecentes a transparecerem encanto pelas frinchas da nossa persiana de água. deciframos teoremas, construindo fórmulas. olhamo-nos nos olhos e sorris ao amor violeta das flores que engordam o jardim de tumultos. a tua mão semi-fria afaga-me o cabelo marítimo, deixando fugir da memória as cordas da gare de um ocidente aéreo, abrigo de virgens trémulas que cerram as pálpebras nos segundos derradeiros de seres reclusos a uma harpa.
sozinhos percorremos corredores extensos, desvendando enigmas e decifrando códigos na plasticina apressada. permanecemos numa cidade suja, sem darmos conta disso. nem quando desfazemos os copos em azulejos azuis ou sentimos as nossas dores e as dos outros, ao escorrerem por nós gotas mordazes escoltadas pelo cheiro a mofo no quarto vazio. a água que escorre da torneira da água quente é fria, logo pressentimos desejos distorcidos pela falta de peso e pelos escombros das dores dos dias que não findam. as malas estão sempre prontas, assim como os medicamentos e as doenças inalcançáveis. o cinzeiro repleto de beatas, os silêncios indecifráveis e os autocarros repletos de tudo menos daquilo que precisamos, mesmo quando cruzamos os dedos e resistimos à batota, tentando esquecer o tudo que nos mastiga a consciência dorida. sinto a tua falta quando descanso, nas memórias dispersas do recreio da escola e das longas escadarias que percorriamos a correr de mãos dadas até ao último andar. pode ser muito tarde, mas ainda te espero. como no dia em que caminhaste na minha direcção de bem longe e abrimos sorrisos quando os nossos passos se acercavam. conservamos os beijos apimentados e os segundos sonoros até descobrirmos a janela comum, em simultâneo com as flores que nos cobrem os anseios iluminadas pelas luzes de natal.
às vezes não reparamos na cor dos semáforos e esbarramos os sentidos nas fogueiras de paisagens longinquas que distorcem o branco como uma janela partida, baça na ausência e fria pelos vidros congelados pelo sangue dos antepassados. regressamos de forma lenta à infância quando já não esperamos ninguém para além da noite e dos insectos sórdidos envolvidos pela nicotina que encontra o centro na falésia de jornais desusados e de livros sem desenhos e letras, apagados pelo tempo áspero. eleva-se um grito surdo e inconsciente acompanhado pelo prazer de recolher sinais e estatuetas nas linhas alcoolizadas carregadas pelo ventre. trocamos a ilusão dos sons por jogos de equívocos e presentes de natal dos outros anos. há sempre alguém a rir-se numa escada adornada por um crucifixo, enquanto te escondes atrás de uma árvore coberta por chocolates antigos e pequenas luzes indecisas. sentimos a água escorrer longe do banho, despidos por uma chuva ácida e pelos frutos secos que alguém escondeu atrás do sofá. há papeis escritos sobre o chão que pisas e cães que lutam pela subsistência, purificando a raça dos irmãos separados pelas muralhas de gentes famintas e desonestas, na agonia dolorosa da fome e do amanhecer cinzento das casas e das montanhas onde nos perdemos a recuperar a infância. beijamo-nos e olhamos para trás, omitindo os cobertores aquecidos e a bruma de cigarros ensandecidos pela noite sem rosto e pelo perfume do vácuo onde caímos no dia em que mil milhões de pessoas olvidam o vazio e o frio.
o vinho sobre a mesa que abriga os nossos instintos primitivos afogados no cetim do teu vestido escuro por despir. pétala por pétala colhemos o amor e a dor única e irónica da ausência escassa e da partida desde a linha de um comboio que arrefece as cores e provoca o desejo. haverá aí a certeza do reencontro numa outra estação, no mesmo comboio, com as tuas mãos a deslocarem-se sobre uma chuva de neóns, guardados pelo arco íris que protege o nosso amor do céu negro onde um dia nos perdemos até nos encontrarmos no sol de lado nenhum.
os sonhos medonhos já não te assustam, mesmo quando a sala insiste em permanecer vazia, auscultando os nossos passos em bicos de pés. é a angústia solitária de um som líquido reflectido num copo de água vazio da noite sobre a janela de devaneios. vês, são estas as luzes cruas e únicas que te acertam no corpo como as ondas do atlântico, esgotando as palavras sanguíneas num candeeiro de areia que alumia os nossos cabelos brancos. deixamos a madeira rodopiar nos dedos do quarto, quando a chuva acaricia o amor, fazendo dos cortinados tranças que arregaçam as memórias dos véus assanhados que balançam histórias a preto e branco. enrolamos os dedos de seda branca e o tapete de veludo, desvendando canções pela noite profunda de ruidos sussurrados ao ouvido. de repente, transformamo-nos em seres invisiveis. como se encontrassemos um oasis num deserto sem nome e onde o vento se esvai em pecado sem maçã. caminho até ti. morde-me depois.
faltam duas horas para despertarmos. desenho novas ideias, digerindo ainda a súbita mudança de planos iluminados pela inversão múltipla de cenários, com o vento matreiro a escorregar pelas facas exaustas de sangue guloso. por vezes, cedo à sensação de me sentir sugado por morcegos pequeninos, enquanto manejamos figuras geométricas incandescentes sobre um plano convexo que permanece imutável à nudez suja de um disco rígido no templo dos assassinos minúsculos. fixamo-nos nos peitos inflamados de sémen e nas esquinas doentes em ângulo recto. fumamos o desconexo por conhecer e ansiamos a inversão das cores sobre as linhas trôpegas da nossa existência. tocamo-nos longe das formas e dos segredos murmurados no elevador glorioso de sensações inviáveis.
não me lembro de quantas canções me esqueci e de quantos livros percorri na solitária viagem pela neve sem freio e calor. as palavras duras e o teu silêncio obscuro derrubam-me os poemas e martirizam as flores que me restam na alma. podes roubar-me as mãos frias, a respiração ofegante e os segundos pacíficos, desde que não destruas as pétalas de um amor puro que descansa sobre a mesa de cabeceira, ao lado dos livros e das canções. sonífera paz em ilha disforme por sentimentos corrompidos à espera de peito que afague a dor e a certeza da morte. não adianta outro tiro - um neófito disparo sobre o teu caminho de regresso a casa. o perigo é desbravado a partir de um altar de malvas iluminado por um minusculo candeeiro a óleo. já não chegam as promessas vãs e os segredos ensonados se já nada nos resta. não adianta procurarmos as pedras e o giz, os tinteiros e os papeis, a navalha e as agulhas, se alguém apagou da memória as cumplicidades subtis com um dardo envenenado mascarado de incomensurável ferida. perdemo-nos de nós e os dias já não têm fim. nem início.
o relógio deixou de respirar e perdemo-nos no tempo curto iluminado pelas queimaduras do lume orgânico que se afoga no coração solteiro e nas palavras de amor que desconheces e que o vento desnuda em forma de canção e conduz até a um porto lento onde se esgotam os sentidos em frágeis naus de madeira reticente. o sono esconde-se nos bonecos de porcelana e nas carpetes de bilros que decoram o sótão de espaços por descobrir, carregados de espinhos e de ecos de gatos ensonados que te segredam o futuro ao ouvido. acordas num frigorífico de lágrimas envolvida pelo manto negro que cobre os pomares distantes onde fomos seres como outros quaisquer e os nossos corações miras para as setas de cavaleiros decapitados. as sombras deslocadas na parede são a miragem de uma paixão que se desenvolve a partir dos acordes que me fazem lembrar de ti no início e antes e depois do fim.
quando avanças sobre o fogo gelado despertam os anseios das palavras que não queres ouvir e que fogem pelo meio dos dedos que tentam agarrar o destino. simulamos o rompimento das promessas e a surdez de momentos bonitos que incendeiam as polaroids apaixonadas que só tu e eu conhecemos. aguentamos os receios que a chama do teu isqueiro esconde e dissipamo-nos na bruma de nevoeiros sonoros que envolve o quarto minguante onde a tua pele com sabor a amanhecer se confundiu com a minha. não sabemos o que queremos, só sabemos quem queremos, sem despertamos os dias e as horas, contando apenas os minutos até à próxima vez - a primeira.
deixa que o sol abrace o teu final de tarde com os olhos revoltos sobre o mar de anseios e dispara nuvens de incenso com papeis aromatizados pela praia desfigurada de sombras que se afundam na luz hesitante da areia crispada colada às tuas mãos distantes que me dizem adeus no momento da partida.
a que sabe o oitavo pedaço de alguma coisa? as histórias não se resumem a fotografias, nem ao recolher dos pedaços de vidro que pisas descalça. há sempre um preço a pagar por percorrer os sítios - todos os sítios - sem direcção. memorizas a alvorada, o sol de lado nenhum e as fronteiras de aço que inclinam os nossos destinos enferrujados. a raiva dispersa-se na esmola que o pobre recebe antes de te oferecer a sopa fria e os caixotes de papelão que o embalam de frio. há buracos em todas as calçadas e água destilada nas arcadas mascaradas dos filmes a preto e branco. pedidos de neblina, perdidos na rotina e nas conversas de incautos cidadãos, entre o mascar da pastilha elástica e mirabolantes jogos de cabra cega. o amor reflectido na parede da cozinha, nos talheres sujos e nos pratos de já não sei quantos dias. e tu. tu que desconheces o sabor do oitavo trago de um cigarro.
não me digas que horas são, nem o dia em que ouviste sonic youth pela última vez numa madrugada insone. há uma chamada que te espera e prende à pequena almofada que afaga o rosto do clandestino na casa desarrumada. perdemos as flores em embrião, o vento que desagua no litoral e um interior de saudades esgotadas nos copos de vinho sobre o frigorifico branco. não é fácil sobreviver ao desmoronar de lábios e às flechas que rompem os bilhetes das viagens de gorro em riste e estrelas cintilantes no peito. resta o sujo, a demencial despedida, a desconexão da cidade na linha de papeis rasgados e de euros afogados na latrina. a leste nada de novo. talvez apenas o teu cachecol multicolor sobre a cadeira e o cheiro do teu perfume de homem em glóbulos sonoros mordazes no cinzeiro onde me esqueço do resto e não consigo.
nós sabemos chorar e temos medo de escorregar sobre o sol de outono que se desvenda ao som do inverno que inverte as fronteiras ténues entre duas vidas de sal. com os semblantes carregados caminhamos sobre versos de coisas por viver, de sons por conhecer, de seres por nascer e dos poemas que te esqueceste de escrever num sonho qualquer na solidão do miradouro de angústias sufocadas no ventre. corres sem direcção até lugar nenhum, como a presa que encrava num cigarro abandonado no bosque incendiado por apertos de dor e fome.
os buzios emudecem-nos o despertar. trocamos as voltas ao fado suspirado que desaba as muralhas de uma incosciência vã. inventamos gritos novos que tentam calar o lume sobre lentos pedaços de nós. recordo os teus passos no jardim de encruzilhadas suadas, onde nos conhecemos e perdemos, abandonando as frágeis cigarras que lamentam a saudade de te ver olhar para lado nenhum enquanto cantava. rendo-me a outra cidade, a outro vício, a não ver a luz do dia. cavalgo a noite sem armaduras - nem minhas, nem tuas - e tento enganar a tua falta.
há uma luz que se acende no quarto, quando um semáforo se apaga e escasseiam as palavras. o peito carregado de insónias vagas e de noites escuras e frias. os pesadelos incendeiam as cartas e os ombros crispados pela ausência dos poemas. olhos nos olhos quero sentir a tua falta e ver a sombra da tua silhueta dispersa pelas minhas paredes incolores. sentir-te em toda a parte, para quando partires abraçar o sol que te ilumina as costas e diminui a dor da tua ausência vil. amanhã será um dia melhor. os sorrisos apagarão as lágrimas, enquanto acendes a chama da tua caneta sobre o papel. não faltarão palavras, meu amor.
há pedaços de ti em toda a parte. até no pó que preenche a janela de onde veremos as luzes que iluminam o nosso amor aquecido pelas canções que ouvimos juntos, enquanto nos abraçamos e nos desvendamos sobre a fogueira dos nossos gestos e palavras insones.
varreram-se de mim as palavras. ensina-me todos os nomes que nos separam do leito dos amantes. os planos furados separados por pontos e vírgulas. o odor a laranja salgada traça uma diagonal sobre o inverno que nos espera. será a angústia rosa, como o ruído das folhas que se estendem pela calçada de equívocos e incertezas. há uma mancha de vinho sobre o papel onde te escondes. desenho-te na inconsciência dos dedos amarelecidos pelo fumo. imagino-te aqui, deitada sobre o cobertor de ternuras. a dormir sossegada, despida na pureza da partilha, vestida pela chuva que acompanha a morte do ano.
os passos trocados. uma alameda de infindáveis silhuetas desfiguradas. uma lua semi nua deambula sobre os toldos da praia dos nossos objectos. se respirasses, sentia os teus dedos algures na areia de ninguém. a cinza cobre a arca onde guardas os silêncios de uma infância adoentada. desenhos nos vidros do comboio na lenta espera de um momento murmurado. as pequenas coisas a rodopiarem sobre o espaço vazio. o frio desconecta-nos os sentidos. uma treva solitária amanhece junto a um banco de um jardim de lágrimas. a pedra rubra despedaça-se a cada minuto que passa. oferece-me o café. eu acolho o teu sorriso e os cabelos soltos sobre o meu peito antes de adormecer sobre a manta que te cobre nas florestas do teu sangue anoitecido.
ontem à noite, antes de dormir, comecei a pensar em qual seria a banda que mais tinha mexido comigo até hoje. só consegui chegar a uma resposta: legião urbana. é tudo tão impressionante, tão avassalador, tão cortante. nunca ninguém - como eles - conseguiu afectar-me tanto. lembro-me bem de determinadas fases em que me agarrei a isto e de ver tudo a desmoronar a meu redor. desde que percebi legião urbana nunca vi as coisas da mesma maneira. foram horas e horas a olhar para o tecto do meu sótão, deitado no chão ou no velho sofá, quando ainda era forrado a um negro mais cavernoso que o fundo desta página. por isso, de certa maneira, evito-os ouvir. só que, às vezes, como está a acontecer agora, não os consigo evitar. nem quero. é tão bom passear pelo fundo de um poço. nem apetece respirar. só ouvi-los e procurar cicatrizes até onde elas não existem. por que isto é ácido-doce-corrosivo. por que isto é inatingivel. até quando se aproxima da fronteira do românticoquasebrega. por que isto por que isto por que aquilo. são pedaços de vidas. das nossas, das dos outros e das de renato russo, que nas suas vivencias, juntava essas e outras. renato russo foi o maior relâmpago que pisou o planeta terra no século passado. neste e nos próximos andaremos a recolher os escombros da sua curta passagem por aqui. ou será melhor dizer por ali? pois, porque os espaços que ele percorreu dificilmente serão de mais alguém.
são as pequenas coisas que valem mais é tão bom estarmos juntos e tão simples: um dia perfeito.
eu queria ver no escuro do mundo
onde está tudo que você quer
pra me transformar no que te agrada
no que me faça ver
quais são as cores
e as coisas pra te prender
eu tive um sonho ruim
e acordei chorando
por isso eu te liguei
será que você ainda pensa em mim
será que você ainda pensa
às vezes te odeio por quase um
segundo
depois te amo mais
teus pelos, teu gosto, teu rosto, tudo
que não me deixa em paz
quais são as cores
e as coisas pra te prender
eu tive um sonho ruim
e acordei chorando
por isso eu te liguei
será que você ainda pensa em mim
será que você ainda pensa
é raro, muito raro, falarmos de algo mais do que de nós próprios. podemos fugir, escondermo-nos atrás de uma cortina com um cheiro intenso a naftalina, ou então, atrás de uma árvore qualquer, depois de acenarmos para uma parede repleta de mensagens politizadas. eu não voto, sim?
às vezes caminhamos sem perceber para onde vamos e porque vamos. e mais: não são raras as vezes em que não caminhamos e ficamos tão perto de nada. há quem prefira refugiar-se na sombra de desenhos animados dos finais dos anos setenta e haja quem cante ao desafio desafinando aqui e ali.
sim, penso que não sabes ... olha para ali ::: vês? ::: um pássaro voa sobre nós, mesmo que um baixo estridente esteja a estragar uma canção e tu não esboces um sorriso desde que desistimos de acenar aos pobres de espírito que não te querem bem.
é com as últimas palavras do dia que normalmente sonhamos. há quem tropece no ridículo ou quem se embriague no ocaso da consciência. coisa pouca e opaca, pois os pequenos delírios não são mais do que contos de fada tocados em flauta transversal decorada a rebuçados de vários sabores. reparo na ainda leve (e desfocada) presença da manhã, enquanto permaneces acordada. não consegues adormecer, mas precisas, não precisas? não sabes que desenhas a cinzento os sons que deambulam pelo teu quarto? a febre evapora-se entre o chá de limão com açúcar amarelo e as torradas amanteigadas da avó. o queijo cheira mal. está estragado. não lhe toques. há ruidos abstractos no último andar e um gato ciumento persegue o lento nascer do dia. as sirenes brindam a mancha de café na toalha de seda. há quem ainda sussurre as últimas palavras do dia, ao mesmo tempo que existe quem murmure um ensonado e apagado "bom dia".
um dia esquisito. -te está doente. vi-a dormir, enquanto começava a estudar estatística. -te é bela. demasiado bela a dormir. os exames aproximam-se e comecei a estudar. detesto estudar. o despertar das inseguranças e a preguicite aguda para o efeito contrariando o enorme desejo de fazer outras coisas. sei que se concretizar os meus objectivos ganho cinco meses de descanso absoluto. vale a pena um esforço suplementar. eu sei bem isso. mas apetece pouco. tenho, por vezes, saudades dos três anos em que deixei de estudar. era tão bom andar por aí.. fazer o que bem me apetecia. só que a (in)consciência pesava. doi-me a cabeça. a noite foi agradável: gravações do projecto f.r.e.i... aquele baixo está fantástico.
e o cais. uma nova canção. mondego. espero gravar a voz amanhã.
hoje voltei a cantar os sonhos falam. já tinha saudades.
(enquanto isso continuo à espera do regresso do iuri. todos sentimos muito a [tua] falta.)
ah, e cada vez gosto mais de "o amor é um fruto esquisito". mais uma canção em conjunto com o grande mário frei.
toranja. a descoberta da semana. conhecia apenas a fome (nesse sempre) da compilação da optimus e tinha gostado muito. falhei três concertos deles : vilar de mouros, por causa da chuva ; palco seis, porque já não estava em lisboa ; coimbra, há dias, porque cheguei atrasado. entre isso ouvi uma entrevista do vocalista que não me agradou particularmente. desiludiu-me um pouco, sobretudo porque me pareceu pouco natural.
na segunda à noite descobri alguns temas, por acaso, no audiogalaxy. são três canções, do concerto no palco seis: vem rastejar, a carta e teu mundo. muito bonitas, sobretudo a primeira. se a colagem do vocalista, quer na forma de cantar, quer nas letras, a jorge palma é evidente, isso acaba por não me desagradar. antes pelo contrário. gosto. gosto muito.
se as luzes se apagarem
eu não vou falar
quero desenhar
a tua aurora a nascer
no brilho de um cigarro
por acender
a luta prossegue,
os passos trocados
olhares desviados,
sombras mutantes
nada nos consola
nada nos desvenda
a voz quebrada
o pano azul
a tristeza no corpo
que viaja sem rumo
no murmúrio latejante
dos nossos dedos
se os sons adormecerem
tu não vais deixar
queres sonhar
com as palavras sem nexo
e a mancha de vinho
cúmplice na carícia
a dor inacessível
as memórias suspensas
gotas de chuva
na nossa saliva
nada nos consola
nada nos desvenda
arranhas-me o sono
despes-me ao respirar
acordas-me com uma frase
sem pontos finais
no silêncio cúmplice
das nossas chamas.
nada nos consola
nada nos desvenda
nada nos consome
nada nos segura
nada nos desmama
nada,
nada,
nada
nada (em mim).
desta vez o destino não se engasgou (és tudo para mim)
os pesadelos ocupam-te
no silêncio molhado
do meu corpo suado
carregado de insónias
as palavras que me cantas
são curtas, cruas
confere-me os passos
supera-me num toque
surpreende,
suspende-me
sopra em mim
a memória ausente
de uma nuvem rasgada
que me prende
a ti
desta vez
o destino não se engasgou
desta vez
o destino não nos enganou
não, não nos esmagou
vem-me abraçar (és tudo para mim)
vem-me sorrir (és tudo para mim)
quero-te aqui (és tudo para mim)
só para mim (és tudo para mim)
para te beber (és tudo para mim)
afoga-te em ervas mil
no rasto perdido
das minhas pegadas
na areia cálida
no crepúsculo
de um dia de verão
os nossos reflexos
no espelho
o banho que partilhamos
uma canção,
a nossa canção,
enquanto adormecemos
na varanda
o refúgio aflito
que me prende
a ti
desta vez
o destino não se engasgou
desta vez
o destino não nos enganou
não, não nos esmagou
vem-me beijar (és tudo para mim)
vem-me tocar (és tudo para mim)
quero-te aqui (és tudo para mim)
a sangrar por mim (és tudo para mim)
para te beber (és tudo para mim)
o amor come-nos
na alvorada dos nossos sóis
nada por fim
no fim, por mim
desta vez
o destino não se engasgou
desta vez
o destino não nos enganou
não, não nos esmagou
vem-me abraçar (és tudo para mim)
vem-me sorrir (és tudo para mim)
quero-te aqui (és tudo para mim)
só para mim (és tudo para mim)
para te beber (és tudo para mim)
vem-me beijar (és tudo para mim)
vem-me tocar (és tudo para mim)
quero-te aqui (és tudo para mim)
a sangrar por mim (és tudo para mim)
para te beber (és tudo para mim)
encontrei uma música que procurava há onze anos. não sabia o nome da banda, o nome da canção. só conhecia os últimos vinte/trinta segundos. ouvir "como te mueves", dos modestia aparte, é regressar à parte dourada e salív(istic)a de uma adolescência semi-perdida. eramos tão inocentes (ou nem tanto...)
surge uma voz que estremece
para as palavras indolentes bailarem
ao lado das serpentes vadias
que percorrem sem remorsos
o livro sobreposto ao corpo inflamado
por ensandecimentos rasgados em sofás de ponta e mola
uma dança inebriante ao som do vento sorrateiro
redobrado de fúrias ocultas
silêncio em cinza, pássaros perdidos,
alma dorida, odor a morte
e dizes-me nos olhos:
- estou tão cansada como tu.
- estou tão cansada como tu.
ouvem-se passos a percorrem lâminas
perpendiculares ao medo e à luz alva
que arrasta a clandestinidade inadiável do ser
um precipício atestado por memórias desejadas
como pétalas de sonho no limiar de cumplicidades
o delinquente que observo num ponto invisível
que reflecte a ressaca empilhada
na máscara amarelecida
instante escrito, percurso rabiscado,
desvario de azuis, jornais antigos
e digo-te nos olhos:
- estou tão cansado como tu.
- estou tão cansado como tu.
avançamos sobre rostos magoados
cegos de certezas e de equívocos
mulheres soldado mortificam-se
as cores do tempo são cinza
os abrigos escondem-se no bolor
dos sulcos secos e de carícias febris
embebecidas pelo suor de jovens prostitutas
que uivam a saudade de velhos lobos do mar
começo a recuperar as horas de sono. por causa disso, ontem, adormeci aos vinte minutos do portugal-brasil. está, cada vez mais díficil, ver um jogo de futebol do início ao fim. só o benfica ainda me mantem acordado. até quando? não sei. estou a ouvir o acústico de R.E.M. na MTV. é bonito, muito bonito, e eu até nem gosto muito deles. mas gosto deste som e da recriação acústica destas canções. é inegável que eles são bons e as canções também, apesar de não me dizerem nada de especial.
(r.e.m., daysleeper... os caffeine nunca terão ouvido esta canção? he he)
ontem regressei a vila do conde com a ana. foi muito bom. ouvir cais de veludo no meu sótão é muito melhor do que ouvir aqui. a aparelhagem alarga a amplitude sonora. denotam-se pequenas falhas. agradáveis. gostei muito de ouvir a maqueta do frei.
voltei a ver os meus avós. tirei fotografias. adormecemos.
e vimos a praia e o mar desde o postigo.
(enquanto caíam pequenas gotas de chuva)
oiço cais de veludo. perdidos no campo, olhos de silêncio, amargo e como o amor (com cuidado) em sequência. foram as quatro canções trabalhadas na última semana e meia. a perdidos no campo parece-me muito mais bonita assim, do que quando tocamos ao vivo, que fica sempre mais agressiva. a linha de guitarra do gonçalo é linda. é como um sorriso na cara da criança amuada. olhos de silêncio, tal como a perdidos no campo, ganha imenso com a incorporação da ana. é fósforo. seis minutos de tantas vezes e de a..., sim. ..na. o desbravar declamado do iuri é monumental., em qualquer uma das duas canções. falta gravar ainda o andré, para ficar concluída a explosão. em breve, espero. e, depois, a amargo com a guitarra do gonçalo fica ainda mais doce. o paradoxo. finalmente, como o amor. com cuidado. é das melhores canções que ouvi até hoje. a composição é fabulosa. o meu trabalho com a ana agrada-me imenso. vai de encontro a algo que procurava fazer no cais. não esperava que saísse assim. poderoso. e que se foda a modéstia.
já não vou a vila do conde há mais de duas semanas. é um bocado estranho, porque sinto-me cada vez mais desligado. vou lá na quarta-feira, em principio, apenas porque quero rever os meus avós - tenho saudades - e ver a praia desde o meu postigo (virado para o mundo).
isto é realmente bom. vi este concerto com o andré, com quem, curiosamente, vi três concertos de kafka no espaço de menos de um mês. estou com saudades de vê-los e ouvi-los. isto é poderoso e este vocalista é... huumm... (mais.do.que.isso).
fumo um cigarro. bebo uma bomba de café - estou completamente viciado, pronto. ouço a demo de FREI, a banda do mário. foram quatro dias intensos e isto, sim, está mais próximo de qualquer coisa (boa). leche-moi, por fim. no fim.
hoje voltei ao cinema para ver o "jack, o estripador". o filme é mesmo mauzinho. só gostei do final. confesso que não gosto de ouvir pessoas a comer pipocas nos cinemas. confesso que detesto ouvir um telemóvel a tocar quando estou a ver um filme no cinema. confesso que acho alguma piada quando os meus vizinhos da cadeira da frente começam a dar linguados no meio de um filme com cenas realmente nojentas.
(ah, a heather graham é mesmo bonita. e gostei do johnny depp. tá-se.)
ama-me no silêncio da manhã
entre escombros de polaroids carbonizadas
e desenhos a canivete na tua pele de leite
onde irrompe o subúrbio da teia de demónios
que envenenam o mel com o qual me encarceras
na gaiola de pássaros trágicos e perturbados
no abismo de inverosímeis histórias estilhaçadas
anoitece a exaustão onde se fundem as memórias precárias
do odor a erva, de extasiantes lenços azuis e do embriagante orgasmo salivar
corrosiva e insone pausa no desejo oprimido
com que escondes as lágrimas de lua morta e mansa
e agigantas-te em cicatriz devassa e esquartejante
se não tivesse medo de te perder e de deixar de dançar contigo a valsa lenta dos corpos embriagados pela poção mágica à qual se convencionou chamar amor, eu pensaria seriamente em fazer comigo, aquilo que sonho para o meu momento final, em que o fogo já não me aquecerá, pois, nessa altura, terei colocado o último ponto no términus da última frase do livro da minha vida.
será um ponto de interrogação, o qual será lembrado por ti e pelos outros, em todo e cada anoitecer, quando os lobos uivarem a saudade, que os risos, os orgasmos e as horas tentarão apagar, enquanto que eu, na profundeza do poço escuro, cantarei o fado da vida, da alma, da raiva e da mágoa que jamais deixarão de estar dentro de mim.
o sol põe-se de costas,
o sol põe-se de costas,
o sol põe-se de costas.
os instintos humanos escondidos sob a carne lenta do tempo
as palavras que perecem sob a forma de dúvidas
os sons que se desvendam na melancolia sóbria do amor
os gestos cálidos na poesia sôfrega dos fins de tarde de outono
os lábios que se tocam em harmonia frágil de segundos reduzidos a sonhos
sorrisos líquidos que caminham como gotas de suor na banheira
isqueiros que se acendem como lágrimas de mel que escorregam pelas faces angustiadas
livros que se lêm enquanto portas se fecham em silêncios oblíquos
o sol põe-se de costas,
o sol põe-se de costas,
o sol põe-se de costas.
os insectos sujos pressentem os olhares perdidos que fingem o sono
as flores murchas invadem a ausência incerta do fulgor do meio dia
há um precípicio sufocante que aproxima a morte do rosto dissolvido em máscara
as imagens repetidas alicerçam a dor esquecida de todas as ruas vazias da urbe
eram três ...
as mulheres que pintavam os lábios e sangravam por um país desabitado
e ..
eramos nós
que procuravamos a cor na embriaguez desesperada do planeta fado.
o sol põe-se de costas,
o sol põe-se de costas,
o sol põe-se de costas,
o sol põe-se de costas,
o sol põe-se de costas,
o sol põe-se de costas.
Naquela estrada vias espinhas a passar. Morgan era ateu e acreditava mais no padre que no seu avô. Coisa inexplicável.
O padreco da vila vendia droga dentro das hóstias. Toda a gente ficava contente.
Sebastião roçava muitas vezes os dedos entre as bolas e sentia-se feliz. De vez em quando trazia pentelhos colados e depois levava-os à boca. Nunca entendeu o que comia.
Joaquina era mais voraz: masturbava-se na varanda e o Tio Chico observava-a enquanto rangia com o seu motor. O carro parrou no dia 10 de abril.
No dia seguinte Morgan sentiu-se triste e fez bolinhos para a Carminda; ela até lhe chupou os dedos. Escondia ratos dentro da dispensa que fornicavam nas noites de cio das gatas.
O esparguete enrolava-se aos domingos no tacho e o banho de Maria tinha de ser em água fria porque o esquentador era um ninho de baratas.
No dia 12 o gás natural chegou à vila e fizeram uma grande orgia.
quando me lembro da megatronic underground, lembro-me deste clássico dos massive attack. ou vice-versa. estou a rodar entre as duas, a partir de agora. bem que preciso disto para me manter acordado até que sejam 8.00 e vá até vila do conde. e tenho que fazer um projecto para entregar na quinta e discutir com o professor na faculdade. ainda não peguei nessa cena. para quê? karmacoma, jamaica aroma.
não percam os tempos de antena do P.P.M.. são uma trip quase tão grande como a música dos stereolab. nuno da câmara pereira é o "cromo" da campanha. gagueja brutalmente, fala como se estivesse a cantar fado, gesticulando desmesuradamente .. ah, e engana-se a ler diversas vezes. e adivinhem qual é a música de fundo? nem mais ... fado burguês do "cromo", que ultimamente andava mais numa de música latina rasca, para dar uma de eterno jovem galã.
esta canção é realmente impressionante. a letra é básica .. no sentido de base, como alguém disse um dia. o que é que isso interessa? nada! isto é viciante, hipnotizante. não a ouvia há meses, mas isto cheira a primavera. é um som quente, para estações quentes. ou um prenúncio de. sempre a abrir. uma música pinante ou druggy, conforme preferirmos. não apetece fazer mais nada para além disso. só ouvi-la. devorar cada segundo. faz um ano que a ouvi pela primeira vez com a atenção que merecia. foi uma grande trip. neste mesmo espaço, na altura, bem mais desabitado.
não te esqueças de falar de "os putos [mutantes]", na entrevista. por acaso, quando a versão maqueta estiver pronta, gostavamos de lhe fazer chegar a canção. :) entretanto o foto@pt regressou, a meu ver melhor... esperemos para ver no que dá. avancei para a ideia do tal site e a ideia da base tripod parece-me excelente.. mas acho q o tripod tinha qualquer problema com imagens.. já não me lembro bem. o meu teste para página de fotografia está em: http://ruimalheiro.diary-x.com/ . passem por lá e digam coisas.
o foto@pt foi encerrado. inacreditável.. no mínimo... depois de ter estado horas a fio a preparar novas fotografias e a fazer as alterações na galeria, que acabaram por não vir a ser alteradas. há muito que o site tinha descambado numa idiotice e já não havia pachorra para certos comentários, para determinado tipo de foto completamente estandardizado, para os grupos que se acumulavam na disputa de um pretenso trono e para um conjunto de regras absolutamente idiota. mas... parecia ser a forma mais simples de colocar fotografias online e das hipóteses disponíveis, o formato parecia-me também o melhor e mais acolhedor. também estou inscrito em mais dois sites: um russo e outro francês, penso... mas não me agradam tanto, até porque não há uma identificação linguística. apetece-me continuar a colocar fotos online. e se criassemos nós um site de fotografia? o problema seria ter um mecanismo tão eficaz e tão pouco trabalhoso como o do foto@pt, e, para além disso, a maior parte dos sites grátis tem apenas 10/12 mega disponíveis para uploads.. mas se cada um de nós tivesse um site poderiamos ter vários 10/12 mega. para além disso, acabariamos com as regras e essas merdices todas.
e, pronto, vou tentar dormir. confesso que não me apetece. o dia está lindo. fumei o último cigarro, enquanto confirmei aquilo que já me tinham dito: o benfica está prestes a contratar o cristiano, do beira-mar. enfim.. já não digo nada. e não vejo mais futebol este ano. até ver. o winamp já rola cais de veludo, em alfama. é a banda sonora certa para este momento. braga já acordou.
hoje já é o dia cinco do mês de março. não tarda chega a minha estação dilecta: a primavera. já a tenho vindo a sentir ao longo do último mês. fevereiro passou demasiado rápido, sobretudo os dias em que estive por lisboa. infelizmente, passam sempre rápido. fevereiro foi, para mim, o mês cais de veludo. foi magnífico termos estado uma semana e meio juntos (com excepção das anas), e ficam gratas recordações dos ensaios, da estreia numa sala de ensaios e, claro, do encontro palmaníaco, com aquele memorável concerto no parque infantil, em alfama. nosso e, claro, do mário frei, como sempre a bombar, estreando algumas novas canções, como a "libidinal", "não vou jogar" e o delicioso "regresso à vertigem", às quais se juntou "porto em ti", o nosso primeiro trabalho em conjunto, numa nova versão. regressando ao cais de veludo, mais do que o referido anteriormente, foi excelente o convívio extra-musical, quase sempre com música. e aquela madrugada em que sairam os esboços de não sei quantas novas canções foi memorável. passados os dias de ressaca palmaníaca - como foi bom reencontrar todo o pessoal - e veludíaca, o regresso a outro cais serviu para confirmar que o cais de veludo é a minha banda dilecta, até porque já me consigo abstrair de pertencer à banda enquanto ouço as canções. pode parecer arrogante mas isto é realmente bonito e só pode crescer ainda mais. às vezes, tenho dificuldades em perceber até onde isto poderá chegar. é muito gratificante ler e ouvir alguns comentários que nos vão chegando, às nossas canções, às nossas prestações... isso dá cada vez mais vontade de continuar. o próximo passo será a conclusão da maqueta para a S.P.A., de forma a registarmos as canções e podermos avançar para a conclusão do nosso site , cujo design já está online. a última semana e meia - pós-lisboa - passei-a a ouvir quase que exclusivamente cais de veludo. delicioso. as madrugadas de irc com o gonçalo e com o andré a falarmos sobre as canções. enfim. da restante música que ouvi, penso que a descoberta do mês de fevereiro foi o álbum a solo de kristofer astrom, guitarrista e vocalista, dos fireside, banda punk sueca, que iniciou com "go went gone", a sua carreira a solo, numa linha completamente diferente, entre red house painters e dakota suite. álbum a ouvir com atenção, com destaque para "masterdamn", canção que, curiosamente, fez-me lembrar cais de veludo, da primeira vez que a ouvi. essa canção, definitivamente, não me sai da cabeça.
são 7:20. o sono ainda não bateu à porta. foi uma noite longa, em que acabei as reformulações no meu site do foto@pt. espero que amanhã o webmaster - o tal que já me mostrou dois cartões amarelos por comentar fotos com calão - faça as substituições que pedi, para que, finalmente, o site esteja como eu quero, já que alterei várias fotos. aproveitei também para preparar fotografias para os próximos dias e acho que tenho material para as próximas duas semanas. vem aí uma galeria "explosiva", que me deu muito gozo em fazer. mas, por enquanto, uma nova série azul. como o amor. a acompanhar a revolução, vários álbuns que gravei hoje para cd's de mp3. atingi o 429. ainda tenho sete ou oito gigas de música para gravar, de forma a libertar espaço no disco, para avançar para os downloads de março. não sei mesmo o que hei-de sacar. enfim. ouço jullie miller - gravei três cd's dela hoje - e é, sem margem para dúvida, uma bela companhia para este amanhecer. vem aí um dia lindo (finalmente). o sol começa a desbravar por detrás do ponto mais alto da montanha. braga acorda lentamente. já há janelas abertas para o mundo. como a minha.
Ó Foucault! O que é isso de chamarem Billy the kid menino assassino , não é sara?(jorge ferraz martins)
Longe, sem motivo, navega Sulit.
Pela mão levas Vic para a crueldade.
Sulit às Vezes é um amigo meu.
Vic é um menino de dez anos
Timido Vic, o teu corpo ébrio ultrajes profundos
É nuvem-de-papel-pó-como-sol-à-noite, torturado
Orenti! Orenti!
Eu sou o eu simultâneo integro
Repito bocadinhos d'outras coisas minhas
Perversos que ódio vos tenho, mesquinhos e maldosos
Júpiter renascido faz um anel de arame, brilhante
E despedaçante ao redor de Vic.
Efeito esplendoroso imensamente leve e desapercebido
Minha nuvem de papel pó como sol à noite
Tudo foi uma brincadeira ó corpo magoado?
Agora Luscamil
Quem é o parvalhão que discute exogenemente a integridade?
Eu tenho uma boneca de linho nas tábuas do meu coração.
Hegel se desvanecesse, enquanto Platão irremediavelmente encarcerado…
Eu não! Eu não!
O título foi irresponsavelmente escrito à pressa!
Olá, nuvem-de-papel-pó-como-sol-à-noite-que-não-te-vejo!
ontem comprei o meu primeiro cd em 2002. muito estranho para mim, comprar o primeiro álbum quando já passaram 54 dias do início do ano. a escolha recaiu sobre a "primavera de destroços" dos mão morta, álbum que já tinha, só que esta edição conta com o bónus do cd ao vivo e da sublime [nova] versão de estúdio do "chabala". já tinha visto este concerto, como vi outros da mesma altura. nada me surpreende, só que não vejo melhor maneira de começar um domingo repleto de sol... em braga.
acima de tudo, mais do que colegas, somos amigos e só assim algo pode resultar daí. e está a resultar. e resultará se continuarmos todos a correr no mesmo sentido e mantendo uma estética que tem ser una.
Estava agora a rever as fotos do encontro da semana passada. Olhando para os meninos do cais (onde eu estou incluído) e para os amigos que os rodeiam.
Há nos quatro moços (as duas raparigas não estavam lá) uma cumplicidade genuína. Os olhares são fiéis, os gestos simples, pouco complicados. Todos olhamos uns para os outros com sorrisos. Todos parecemos umas criancinhas. Inocentes. Mas não tanto como isso.
Se os nossos sonhos falam?, não sei. Talvez as nossas vozes, os nossos acordes falem por si mesmo. Mesmo quando há silêncio – os olhos estão lá marcá-lo, é para isso que servem. É a cumplicidade. Gonçalo, Iuri, Rui e Anas. A cumplicidade que nos une. Talvez empatia. É isso que me faz sorrir quando estou com vocês. Isso rompe com a amizade, faz algo de maior. A amizade conta, claro. Mas somos amigos, colegas. Mas sobretudo amigos. Mas para além de amigos há a cumplicidade, a empatia. Que nos une ainda mais e nos torna mais... bonitos, honestos.
É isto, por agora
- e se tu não fosses assim?
- "eu sou assim! o princípio do fim!"
- adonde é que estavamos (no início)?
- nas flores incendiadas do céu...
- a fuga é o único caminho! quando damos o primeiro passo?
- quando formos sábios - terrível !
- e a última palavra anónima?
- "eu tenho uma arma: chama-se AMOR"
- sim, chama-se amor, a última palavra, a última arma ... é esse o ponto final que se prolonga nas memórias infindáveis de maria, só. ante, durante, pós. é aí que entro, escorrego e . . .
- para onde olhas?
- ar !
- como é que ocupas o teu tempo livre?
- crime !
- quem queres matar? (uma flor)
- frestas !
- o que vês para além das frinchas?
- azul sabor despenhado
- e se nos penteassemos?
- a vaidade e a razão são o horror pleno .
- e as sombras?
- alguém as convidou, são as paredes dos nervos, anuladas
- sem pontos finais, antónia
há uma cidade que dorme, enquanto fumo e tu me despes
as palavras preguiçosas
os papeis espalhados
pelo chão empoeirado
corpos que se cruzam
sobre a seda azul
os dedos entrelaçados
com outros dedos
lábios que se tocam
molhados
um coelho
que sai da cartola
na rua
um cego pede esmola
no quarto
os corpos suam,
sugam-se,
gemem
a carne estala
há uma cidade que dorme
enquanto fumo
e tu me despes
há um rosto que se esconde
enquanto vens
e vais
as verdades indiziveis
vestígios de mil polaroids
perdidas pelos cantos
o teu corpo nú
coberto por uma minúscula toalha
as roupas misturadas
com outras roupas
sonhos que se fundem
em ponta e mola
uma cerca
de arame farpado
na rua
os putos jogam à bola
no quarto
lençois molhados,
um corpo suado,
e um adeus
sem passado
há uma cidade que dorme
enquanto fumo
e tu me despes
há um rosto que se esconde
enquanto vens
e vais
adoro receber telefonemas anónimos, de números privados, com ameaças de morte. adoro ainda mais as pessoas que os fazem. só é pena nunca deixarem de ser anónimos na vida.
escrevi meia letra para uma música brilhante do gonçalo. já ouço a ana. já ouço a ana. já ouço a ana. já ouço a ana. sim, já ouço ana a cantar "abriu-se um sonho".
hoje foi um dia estranho. passou demasiado rápido e, sem dar por isso, não fiz praticamente nada. li trinta e oito páginas para o exame de amanhã - ainda me faltam outras tantas - na última hora, mas parece-me estar sob controlo. ouvi sempre as mesmas coisas hoje. scout niblett e songs: ohia em paris, descobertos aqui e a certeza que quero ouvir o álbum da scout. é muito belo. pedações de chan marshall, misturados com pedacinhos de liz phair e pj harvey. ah, e giardini di mirò. grande, grande álbum. será companhia certa esta noite, embora também me apeteça ouvir superego. só mais uma vez.
esta semana passou muito rápido. enquanto esfreguei os olhos.
giardini di mirò - rise and fall of academic drifting
descobri este álbum ontem e apesar de não ser um grande adepto do pós-rock, este trabalho prendeu-me. tenho estado a ouvi-lo ao longo do dia, depois de ontem ter descoberto duas músicas. é uma banda na linha de mogwai, gybe! e dirty three, que apresenta um conjunto de canções hipnóticas, melodiosas, doces, que nos fazem navegar... sonhar. as entradas do violino, por vezes, roçam a perfeição. embalam. destaco "pearl harbor", entre dirty three e godspeed, e "a new start (for swinging shoes)", esta mais godspeed. para continuar a ouvir.
superego - primavera em janeiro entrega-te então
aos meus cuidados
se não queres tentar
construir do ar
as tuas mãos
armas descalças
que se enovelam
ao tentares falar
e cai cai
e a noite cai
mesmo ao nosso lado
e cai cai
e a noite cai
é primavera em janeiro
e quanto custa existir
em busca de um rumo
que traga sentido
ao nosso lugar
e quanto custa continuar
a acreditar
no dever de assumir
no bem e no mal
eu quero agradecer
a quem ficou para trás
para hoje eu ser livre
de decidir
mas sem esquecer
que a um estatuto
corresponde um papel
entrega-te então
aos meus cuidados
se vais desistir
de procurar
entrega-te então
aos meus cuidados
quando desistires
de lutar
e cai cai
e a noite cai
mesmo ao nosso lado
e cai cai
e a noite cai
é primavera em janeiro.
só tenho pena que existam guitarras eléctricas e bateria nesta canção. num registo intimista - guitarra acústica e voz - como no pequeno aquiles, esta canção seria ainda mais brutal do que é assim, em termos sonoros.
e está tudo dito, não está? (não precisamos de dizer mais nada. isto aconteceu. isto acontecerá.)
regressei de vila do conde. é óptimo estar lá só de passagem. tudo continua igual. só os prédios em construção é que parece que cresceram mais um bocadinho.
trouxe o álbum dos superego. a lenda da irresponsabilidade do poeta.
descobri o leonard's lair. não sei se alguém já conhecia, mas parece-me um site interessante, com vários comentários e análises a álbuns, um pouco no estilo do scaruffi. a visitar.
alex, dei um salto ao trinta e dois e li, com particular agrado, que ouviste recentemente o "mar d'outubro", dos sétima legião. é um álbum que me agrada muito, embora não seja o meu preferido deles, já que acho o "a um deus desconhecido", disco lançado pela fundação atlântida, a maior pérola dos anos oitenta, em relação a bandas portuguesas. peguei no "mar d'outubro" e estou a reouvi-lo com particular agrado. a alternância entre faixas com voz e instrumentais é excelente. são os elos perfeitos. vai ser ao som do álbum que vou ler durante duas horitas, antes de dar um salto a vila do conde. hoje não me apetece dormir, muito menos quando ouço um disco que tem um intrumental fabuloso como é o "noites brancas" . realço também "saudades", para mim, uma das melhores canções da banda e "além tejo" , para já não falar das duas canções mais conhecidas do álbum: "sete mares" e "noutro lugar", dois dos maiores êxitos da banda. mas o álbum não tem momentos baixos (nem médios). é bom, muito bom. já o disse uma vez, penso que ao frei e ao iuri, mas repito: esta foi, sem dúvida nenhuma para mim, a melhor banda portuguesa dos anos oitenta e foi com eles que uma pequena revolução começou.
são 3:40. braga está adormecida. a janela está aberta. vejos luzes, muitas luzes. um horizente negro com muitas manchas amarelas. todos parecem dormir, menos eu. o sameiro está bem lá ao fundo, bem iluminado. vislumbro-o, enquanto escrevo no teclado que está sobre a mesa. a mesa está repleta. o apartamento completamente desarrumado. confuso, mas, mesmo assim, organizado na desorganização que me caracteriza. na mesa tenho quase tudo: o monitor, para além do teclado ; o modem ; duas colunas de onde sai o som do miguel a cantar "homeward bound", na gare do oriente, na alvorada de 22 de julho de 2001 ; 11 latas vazias, acompanhadas por 2 compal light laranja/tangerina vazios, um pacote de sumo natural de laranja e um santal de laranja e cenoura, para não variar, vazio ; depois, há dezenas de maços de tabaco vazios, e um, apenas um, com alguns cigarros, que vou fumando ; cigarrilhas café creme, sete, como a canção ; quatro cinzeiros, dois deles repletos, mais outro, que foi uma lata de bolachas, com centenas de beatas, pois já estou há quinze dias em braga ; um isqueiro ; um zippo ; três canetas, mas já só duas escrevem ; um caderno com canções do cais de veludo ; papeis soltos, imensos, não os consigo contar, uns em branco, mas a maior parte com escritos diversos ; um tubo de cola da ana ; o meu porta chaves ; uma tesoura, muito porreira para auxiliar a abrir as latas, pois não tenho unhas ; alguns cd's - um triplo do mahler, três tristes tigres, lulu blind, mp3's - espalhados ; o meu cartão da faculdade ; o comando da aparelhagem ; fita cola, que não uso, nem sei porque está ali ; uma chávena de café vazia (e suja) ; e, para acabar, plásticos de bolachas e sobretudo de maços de tabaco ; uma caixa de mortalhas smoking vazia (que não era minha) ; o mini disc ; a lista telefónica de braga (alô, prato voador!) e cinza, cinza, muita cinza, espalhada por todos os lados [e manchas das chávenas de café].
amanhã, vou a vila do conde, visita rápida. ao final da tarde, regresso ao oriente selvagem de mim.
tento ser muita coisa ao mesmo tempo. o que não quer dizer que consiga. tu sabes. é impossivel dizer quem é que de nós está no lado errado. eu também cruzo os braços, enquanto não apareces. mas os olhos - perdidos - mantêm-se presos à janela, à porta. aguardando a tua chegada. demora dolorosa. sei que nem sempre tenho razão. como tu também sabes. mas sei o que estou a fazer. será que tu sabes? só me resta esperar.
pois é. decidi que não vou fazer a frequência de amanhã. não gosto de perder, daí que prefiro montar uma estratégia de ataque para junho/julho. os sintomas gripais não me ajudam a concentrar e a vontade não é mesmo nenhuma. restam os testes de consulta. e depois ar....
ouço mundo livre s/a. os dois primeiros álbuns. é um bom som para tardes assim.
encontrei um álbum acústico de cure que estava por aqui perdido. ainda não o tinha ouvido. estou a ouvi-lo calmamente. cure é muito bonito neste formato acústico. e até esqueço a aversão pela voz - nunca pelo estilo - do robert smith.
estou a ficar viciado na "just like heaven". e tudo começou, por culpa do frei. doce culpa.
acabei de regressar de mais uma noite de sexta feira mística. agora vêm dois dias de intenso labor. e o descanso. ouvi cure, em casa do frei, e gostei. ainda canto a "just like heaven". será desta?
"the ox & the rainbow". ou seja, o boi e o arco íris. dave fischoff. só posso dizer após as primeiras audições deste álbum, que aqui está um dos álbuns mais bonitos que ouvi até hoje. transborda sentimentos. e consigo ver esse arco íris, na beleza absoluta de "we break up and watch the angels swim" e na balada fodidamente bela "geranium", proposta maravilhosa para dias nublados e chuvosos ou para banda sonora de momentos mais intimos. e nestas duas canções garantimos dez minutos de puro deleite, dos melhores que 2001 nos propiciou. dave consegue despir-nos. possui-nos. e as restantes seis canções são também momentos de pura arte, viagens ao fundo dos nossos sentimentos, em que se prolongam alguns delírios fischoffianos, já revelados, em parte, no trabalho anterior, como são exemplo o demencial "propaganda for a comic strip" , o delicadamente sofrido "blemish and a bowl of oranges" , outra canção arrebatante, com o tocar dos sinos e a presença de uma voz feminina, ou então, o extremamente sentido "the science of raindrops" , em que só se ouvem vozes, sem acompanhamento musical, durante grande parte da canção. este é, sem dúvida, o meu álbum do mês.
o que vale é que a padaria é mesmo aqui em baixo. hoje.. chove. pouco, mas chove e molha. esta semana acho que houve chuva e sol todos os dias. uma espécie de regresso à braga que conheço. e já aqui estou há quase duas semanas consecutivas e ainda não dei por isso.
(já almocei. daqui a pouco vou estudar. scout niblett acompanhada pelo primeiro dunhill do dia.)
acordei agora. ontem fiz uma maratona até às sete da manhã. adormeci entre o novo álbum do dave fischoff e músicas soltas da scout niblett. espero encontrar o seu álbum rapidamente. estou a adorar as suas canções. valeu a pena a madrugada. agora vou ver se almoço. entretanto, já chegaram mais álbuns: dismemberment plan - change ; azure ray - azure ray ; new pornographers - mass romantic. não me apetece ouvi-los, já. e já só tenho 700 mb para downloads até dia 31. em principio, mais álbuns só para a semana. enfim, hoje será uma tarde de estudo, como as próximas duas. depois, vou ter muito mais tempo. vou até à padaria. já é tarde para chamar o prato voador. volto já. (preciso de tabaco).
sinto-me fora de jogo. a minha equipa joga deliberadamente ao ataque. a tua defesa é frágil. o teu ataque não existe. preferes o meio campo. jogas na contenção. na troca constante do esférico. e, assim, não nos cruzamos. não nos tocamos. não estará na altura de lançares três avançados?
regressei. entretanto já chegaram os álbuns da lucinda williams e witness. ainda é cedo para os ouvir. prefiro ouvir as primeiras canções do novo álbum dos american analog set. das três que já ouvi, centro-me em "choir vandals". a melodia transmite-me calma. tudo parece tão lento. demasiado lento.
estou a ouvi-la. esta foi a primeira canção do "protection spells" que fixei. lembro-me de ter escrito parte de uma canção do cais de veludo a ouvi-la. lua morta, se não me engano. em repeat, pois claro. é demasiado triste. crua. cheira a partida. sem regresso. a guitarra vagarosa e espaçada parece perdida. mas está lá. e de que maneira. e é lindo, sentirem-se passos, movimentos e objectos a cair ao chão. gravação caseira em cassete, segundo consta, pois o jason molina gosta de trabalhar assim.
the world at the end of the world
it runs the length of the world
it runs the length of the world
and it gets heavy like woman's secret
and it gets heavy like woman's secret
and full of sorrow like a sudden thing
the ancestors of shadow the ancestors of smoke
the memory at night
the strength to face the world
at the edge of the world
the strength to face the world
at the edge of the world
lucinda williams - essence (não a conheço. vi este álbum referenciado em várias listas de melhores do ano, na listmania do amazon.com, de pessoas com gostos, de certa forma, similares aos meus. pelo que pude perceber trata-se de uma escritora de canções, numa linha folk(rock)-country. tenho tido algumas boas surpresas nessa área. será mais uma?)
witness - under a sun (não conheço a banda, embora já tenha ouvido falar dela, como uma banda que faz um cruzamento entre radiohead e verve, na linha de travis e muse. descobri o álbum como segundo do ano de 2001, na lista do joe tangari, da pitchfork)
american analog set - know by heart (banda que já conheço e de quem tenho dois trabalhos discográficos, um deles (" from our living room to yours") gravado em cd-r, já que depois de o ouvir em mp3, apeteceu-me ouvi-lo a partir da aparelhagem. descobri esta banda o ano passado e surpreendeu-me muito positivamente. tenho alguma expectativa em relação a este trabalho, que vem na sequência do anterior "golden hours", o qual já não gostei tanto em relação ao "from our living room to yours".)
múm - yesterday was dramatic, today is ok (banda islandesa de electrónica ambiental - som que ando a ouvir muito pouco, por desinteresse - teve este disco em várias listas dos melhores do ano. isso aguçou-me o apetite em relação a este álbum, cujas faixas têm títulos tão sugestivos e interessantes como o do disco, sabendo também que as irmãs gémeas gyða e kristín anna valtýsdóttir fazem parte da banda. quem são as meninas? as duas gémeas que aparecem na capa de "fold your hands child, you walk like a peasant", dos belle and sebastian.)
les savy fav - go forth (outro dos discos que aparece referenciado em várias listas dos melhores de 2001, estando, por exemplo, no primeiro lugar da lista do john dark, da pitchfork. desconheço a banda. será uma descoberta, embora saiba que uma das suas principais influências são os fugazzi, banda que ainda não explorei, porque do que já ouvi, não me senti particularmente atraído.)
crooked fingers - bring on the snakes (projecto a solo de eric bachmann, líder dos archers of loaf. é outro álbum que está em várias listas dos melhores do ano. segundo li, é um trabalho na linha dos mais escuros de nick drake, leonard cohen ou tom waits. no mínimo, apetecível.)
e, hoje, fico-me por aqui. ainda tenho 1.3G de downloads para fazer até dia 31 de Janeiro. há que aproveitar. e cá está a importância das listas na descoberta de novos trabalhos. os resultados chegarão, daqui a uns tempos, após as audições.
cais de veludo. perdidos no campo (II). (braga, primeiras horas do dia 20/12/2001)
já não ouvia cais de veludo há três dias. lembro-me perfeitamente da madrugada em que o iuri perguntou-me se conseguia ouvir as canções, sem pensar que era a nossa banda. disse-lhe que não. hoje já consigo. e gosto muito. a esta gravação só falta a voz da ana, para ficar perfeita. é um pré mote para uma tarde de estudo. pois, as amostragens chamam por mim. assim como os inquéritos e os questionários. vão ser quatro dias dolorosos. uma grande seca. mas já falta pouco, muito pouco ....
outra música que ouço em repeat. e penso que é assim que se deve ouvir. o jason molina transborda tristeza. a cantar. a tocar. e depois, os ruídos de fundo: água a cair (será chuva?), barulhos estridentes, sente-se algo a arder... e um assobio desolador, que acompanha a voz, como que embalando a dor, só que transmitindo ainda mais perda. vazio.
esta preciosidade está no "protection spells", um disco de edição limitada, escrito e gravado (em casa) num curto espaço de tempo, e todo ele carregado de dor. lento e pesado. muito pesado. extremamente carregado (entre a neblina densa e a chuva permanente).
fire on the shore
shut you eyes across the uneven road
the sun shuts his eyes
the sun shuts his eyes
he is asking everywhere for you
he is asking everywhere for you
but I keep a wide eye open to the flame
but I keep a wide eye open to the flame
tonight there is a fire
tonight there is a fire
tonight there is a fire on the spanish shore
tonight there is a fire on the spanish shore
the fire is not my home it has come to be my home
and if the fire is not my home it has come to mean my home
ouço unwound. we invent you, em repeat. esta canção prolonga-se infinitamente. a voz do justin trosper continua a ecoar. a entrada suja-hipnótica com um órgão marado, logo seguido da(s) guitarra(s) é avassaladora.
os 125 álbuns mais importantes da minha vida (janeiro 2002):
01. ok computer, radiohead
02. lado errado da noite, jorge palma
03. um zero amarelo, um zero amarelo
04. morning lake forever, dakota suite
05. what would the community think, cat power
06. v, legião urbana
07. pequeno aquiles, pequeno aquiles
08. ama romanta sempre!, v/a
09. sex symbol, pop dell'arte
10. muller no hotel hessischer hof, mão morta
11. closer, joy division
12. pano cru, sérgio godinho
13. the boatman's call, nick cave & the bad seeds
14. the bends, radiohead
15. ladies and gentlemen we are floating in space, spiritualized
16. pink moon, nick drake
17. i, tindersticks
18. alone with everybody, dakota suite
19. things we lost in the fire, low
20. songs for a barbed wire fence, dakota suite
21. a um deus desconhecido, sétima legião
22. songs of leonard cohen, leonard cohen
23. ocean rain, echo & the bunnymen
24. mão morta revisitada, mão morta
25. permanent, joy division
26. a noite, josé mário branco
27. free pop, pop dell'arte
28. so tonight that i might see, mazzy star
29. the lioness, songs: ohia
30. i never asked the light, lullaby for the working class
31. coisas que fascinam, mler ife dada
32. arriba! avanti, pop dell'arte
33. só, jorge palma
34. it's a wonderful life, sparklehorse
35. dummy, portishead
36. cure for pain, morphine
37. primavera de destroços, mão morta
38. dois, legião urbana
39. visita de estudo, três tristes tigres
40. kid a, radiohead
41. screamadelica, primal scream
42. amnesiac, radiohead
43. líricas, zeca baleiro
44. sobreviventes, sérgio godinho
45. de gainsbourg à gainsbarre, serge gainsbourg
46. unplugged in new york, nirvana
47. live seeds, nick cave & the bad seeds
48. deserter's songs, mercury rev
49. o espírito da paz, madredeus
50. ser solidário, josé mário branco
51. cantigas do maio, josé afonso
52. rádio macau, rádio macau
53. mar d'outubro, sétima legião
54. various positions, leonard cohen
55. curtains, tindersticks
56. jorge palma, jorge palma
57. dos benefícios de um vendido no reino dos bonifácios, banda do casaco
58. the covers records, cat power
59. i see a darkness, bonnie prince billy
60. cerrado, christina rosenvinge
61. tender prey, nick cave & the bad seeds
62. uma outra estação, legião urbana
63. flightsafety, shannon wright
64. poses, rufus wainwright
65. long division, low
66. bairro do amor, jorge palma
67. to bring you my love, pj harvey
68. as meninas boas vão para o céu, as más para toda a parte, xana
69. domingo no mundo, sérgio godinho
70. wish you were here, pink floyd
71. mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, josé mário branco
72. flores raras, christina rosenvinge
73. comum, três tristes tigres
74. acto contínuo, jorge palma
75. freewheelin' bob dylan, bob dylan
76. traz outro amigo também, josé afonso
77. ocean beach, red house painters
78. central reservation, beth orton
79. ocean songs, dirty three
80. is this desire?, pj harvey
81. ten small paces, ida
82. let love in, nick cave & the bad seeds
83. the night, morphine
84. mistery white boy, jeff buckley
85. in the aeroplane over the sea, neutral milk hotel
86. corações felpudos, mão morta
87. low birth weight, piano magic
88. red apple falls, smog
89. 69 love songs, magnetic fields
90. ii, tindersticks
91. stories from the city, stories from the sea, pj harvey
92. the times they are-a-changin', bob dylan
93. carnaval na obra, mundo livre s.a.
94. o elevador da glória, rádio macau
95. meus caros amigos, chico buarque
96. chansons noires, casse-pipe
97. de um tempo ausente, sétima legião
98. tigermilk, belle & sebastian
99. blood, this mortal coil
100. iv, led zeppelin
101. parachutes, coldplay
102. good morning spider, sparklehorse
103. if you're feeling sinister, belle & sebastian
104. winston park, dave fischoff
105. with gost, damon & naomi
106. oui, sea and cake
107. the braille night, ida
108. maps of tacit, shannon wright
109. worst case scenario, dEUS
110. mezzanine, massive attack
111. peace orchestra, peace orchestra
112. emperor tomato ketchup, stereolab
113. a place in the sun, friends of dean martinez
114. we're all in this alone, mendoza line
115. you're favourite music, clem snide
116. ederlezi, goran bregovic
117. cerco, xutos & pontapés
118. os homens não se querem bonitos, GNR
119. prima donna, radar kadafi
120. mundo de aventuras, ban
121. jesus não tem dentes no país dos banguelas, titãs
122. happiness, lisa germano
123. baile no bosque, trovante
124. loved, cranes
125. mutations, beck
01. morning lake forever, dakota suite 02. things we lost in the fire, low 03. it's a wonderful life, sparklehorse 04. primavera de destroços, mão morta 05. visita de estudo, três tristes tigres 06. amnesiac, radiohead 07. jorge palma, jorge palma 08. poses, rufus wainwright 09. the braille night, ida 10. protection spells, songs: ohia 11. her only nightgown (ep), kafka 12. jonathan david (ep), belle & sebastian 13. i might be wrong, radiohead 14. no more shall we part, nick cave & the bad seeds 15. soul jam, wray gunn 16. frozen pool, christina rosenvinge 17. flowers, echo & the bunnymen 18. white blood cells, white stripes 19. those who tell the truth shall die, those who tell the truth shall live forever, explosions in the sky 20. the glow, pt.2, microphones 21. a vida num só dia, rádio macau 22. dyed in the wool, shannon wright 23. como se diz eu te amo, legião urbana 24. pneumonia, whiskeytown 25. let it come down, spiritualized 26. whatever, mortal, papa m 27. seja você mesmo, mas não seja sempre o mesmo , gabriel o pensador 28. natural history, i am kloot 29. 10,000 hz legend, air 30. pleased to meet you, james
sem classificação e nesta selecção:
mário frei 2001, mário frei
álbuns que gostaria de ter ouvido melhor (fica para 2002) e, provavelmente, estariam nesta lista:
the ox & the rainbow, dave fischoff all is dream, mercury rev rain on lens, smog the world won't end, pernice brothers the ghost of fashion, clem snide the night is advancing, appendix out leaves turn inside you, unwound
ouvi nick cave, ao vivo, no morning becomes eclectic, da KCRW , durante quarenta horas seguidas, enquanto estudava para o exame de sociologia urbana. aconselho. a ouvir e a estudar ao som da voz e do piano.
afinal o exame era de sociologia rural. quando cheguei o cave continuava a cantar e a tocar.
(ele abre o concerto com uma versão voz, piano e violino da "mercy seat". seria um prenúncio? é uma versão amarga e doce ao mesmo tempo... nunca a tinha ouvido assim).
"...e tu maria, diz-me onde estás tu? qual de nós faltou hoje ao rendez vous? qual de nós viu a noite... até ser já quase de dia. é tarde, maria... toda a gente passou horas em que andou desencontrado.... como à espera do comboio, na paragem do autocarro..."
no final, encontro um canto. Maria está deitada sobre os seus braços enquando vasculha nos seus pés um desenho do dia anterior. um segredo diz-lhe que é a noite.